A Pedra e a Espada

Monday, June 30, 2003

Uma anedota Sufi


Um homem que tinha estudado muito nas escolas de sabedoria morreu e encontrou-se às Portas da Eternidade.

Um anjo de luz aproximou-se dele e disse: “Não avances mais, Ó mortal, até que me tenhas provado o teu mérito em entrar no Paraíso!

Mas o homem respondeu “Espera tu um momento. Antes de mais consegues provar-me que isto é um Céu real e não apenas a fantasia delirante da minha mente desordenada ao passar pela experiência de morte?

Antes que o anjo pudesse responder, ouviu-se uma voz vinda de dentro dos portões:

Deixa-o entrar. Ele é um dos nossos!

Medalhados e portugueses


O enorme sucesso desportivo obtido nos Europeus de Deficientes realizados recentemente, mostra à saciedade que os portugueses dão o seu melhor na adversidade. É aí que vem ao de cima o "amor à camisola", aquilo que por ser feito com entrega não tem preço.

Foi entanto com tristeza que ouvi os comentários dos atletas relativamente às condições em que se desenrolou a sua prestação. Ou melhor, a ausência delas.

Nunca foi tão desadequada a palavra deficiente (menor eficiência) aplicada a estes atletas.

O nosso dever


Dizem que um homem antes de morrer tem que: fazer um filho, plantar uma árvore e escrever um livro.

Por outras palavras é nossa obrigação assegurar:

a continuidade da Espécie - fazer um filho
a continuidade da Natureza - plantar uma árvore
a continuidade do Espírito - escrever um livro.

Cada um que escolha a forma de o fazer de acordo com a sua natureza.

A Espada, a Mente e o Vento


Um dos problemas que temos quando abordamos a maneira de pensar dos antigos, é a de assumirmos uma presunção de superioridade com base no nosso avanço tecnológico.

Como se não fosse possivel olhar para o mundo duma forma clara e inteligente abaixo de um determinado patamar de tecnologia.

Quem julga que os antigos ao afirmarem que o mundo era constituido por 4 elementos se referem ao fogo, água, ar e terra nas suas manifestações fisicas está equivocado.

O Ar refere-se aos pensamentos que tal como o vento circulam em turbilhão na nossa mente. A este elemento atribuiram como arma a Espada, pois a espada é algo que divide.

Esta arma representa a nossa razão (ratio - divisão), nomeadamente a nossa capacidade de análise que consiste em dividir um problema/assunto nos seus constituintes.

E o adágio "quem pela espada mata pela espada morre", significa muito mais que uma mera advertência de cariz moral.

É antes o constatar de um facto que só pode ser compreendido por quem o experimentou...

Para ser Vegetariano é preciso ter estômago


Há uns meses atrás assisti a um programa na televisão (mais uma vez não me lembro em que canal) que abordava a evolução da alimentação humana na pré-história.

A conclusão de cientistas norte-americanos é a de que o consumo de carne por parte dos nossos antepassados foi fundamental para o desenvolvimento do cérebro do ser humano.

As necessidades energéticas dum cérebro como o nosso só podiam ser eficientemente supridas com consumo de carne. Isto criou um ciclo de realimentação positiva.

Maior consumo de carne -> mais energia disponivel para o desenvolvimento do cérebro -> mais inteligência -> melhores técnicas de caça -> maior consumo de carne...

Por outro lado animais cuja dieta era à base de vegetais desenvolveram estômagos grandes tendo que consumir elevadas quantidades destes por forma a fazerem face às suas necessidades energéticas. Citaram como exemplo as vacas. :-)

Lembrei-me disto...

Não há necessidade de deixar de ser vegetariano.
Como também não adianta de nada ir a correr comprar meio quilo de bifes do lombo porque estamos em época de exames.

The Matrix




"I know you're out there.
I can feel you now.
I know that you're afraid
You're afraid of us
You're afraid of change

I don't know the future
I didn't come here to tell you how this is going to end
I came here to tell you how it's going to begin
I'm going to hang up this phone
And then I'm going to show these people what you don't want them to see
I'm going to show them a world
without you
a world without rules and controls
without borders or boundaries
a world
where anything is possible

where we go from there is a choice I leave to you..."

Os deuses que morrem para que outros nasçam


O declinio de uma religião ocorre quando começa a ser vista como fonte de "mal" em vez de fonte de "bem". Este declinio é apenas um efeito da evolução da civilização em que essa religião está inserida.

Desta forma os deuses antigos, e sobretudo Pan, tornaram-se manifestações das forças do "mal" para a nova religião que emergia.

Hoje vemos que a noção de pecado associado ao sexo é anti natural e não está de acordo com as mais recentes descobertas cientificas. Em cada vez mais coisas olhamos para a religião existente como desligada dos tempos modernos e mesmo em antitese com valores éticos básicos.

Como é possivel negar a utilização do preservativo a potenciais vitimas de HIV, por parte de uma religião que defende a vida?

É simples. Estamos a assistir à morte lenta de um sistema religioso que nos acompanhou durante 2000 anos. Interessante será estar atento aos sinais do que se está a gerar para o substituir.

Sunday, June 29, 2003

O mundo divide-se em três partes ...


Há sempre quem goste de separar as águas duma forma simples e evidente. Em bons e maus, crentes e infieis e por aí adiante. Aqui vai uma divisão possivel:

O mundo é constituido por três tipos de pessoas: as que falam de si no passado, as que falam de si no presente e as que falam de si no futuro.

No primeiro grupo incluem-se todas as pessoas que na esmagadora maioria das conversas se referem ao que fizeram, ao que viveram e a todas as histórias em que estiveram envolvidas. Irremediavelmente os temas são a familia, os filhos e o trabalho. Este grupo é a esmagadora maioria das pessoas e são consideradas "normais".

No segundo grupo encontramos as pessoas que estão muito entusiasmadas com o rumo da sua vida corrente. Referem-se aquilo que estão a fazer no momento, e são muitas vezes tomadas como demasiado centradas em si mesmas. Ou seja muito individualizadas.

No terceiro grupo encontram-se os muito raros "sonhadores", "visionários" e "idealistas". Pensam no que vão fazer amanhã ou depois. Têm projectos novos em mente, coisas a realizar. São tomados em geral como tolos pelos do primeiro grupo, e como fascinantes pelos do segundo.

As Televisões Privadas


As novas televisões não se limitaram apenas a rentabilizar-se enquanto negócio que são, produzindo programas que maximizem audiências; os accionistas dessas empresas têm a noção clara do enorme poder que possuem. O poder de influenciar a opinião dos telespectadores, opinião essa fundamental na decisão do sentido de voto, logo na definição de quem acede ao poder.

A manipulação das noticias e informação por parte das televisões privadas como suporte à sua agenda politica, não pode ser descurada. Isto não significa necessariamente que omitam ou fabriquem informação, mas sim que a apresentem de forma a que se enquadre nos objectivos pretendidos.

Estes são os problemas que as televisões privadas podem colocar a uma sociedade que se pretende democrática:

1 - Influenciar de forma decisiva as opções politicas dos eleitores (veja-se Itália).
2 - Manter o seu público alvo com baixo nivel informativo e cultural.


Sabemos hoje que vivemos num tempo em que o trabalho braçal não é o que dita a diferença na competividade num país, mas sim a inovação, a capacidade de gerar novas ideias.

Isto consegue-se apenas com liberdade de pontos de vista, com maior diversidade cultural, com maior escolaridade e com uma maior capacidade de colocar em causa o que se assume como adquirido.

Neste contexto a responsabilidade social das TVs é enorme.

Uma televisão privada que, por motivo do seu modelo de negócio, emite programas cujos conteúdos são única e exclusivamente de entretenimento e cujo critério de qualidade é a audiência conseguida, num país de baixa literacia, não está a ajudar esse país em nenhum aspecto.

O Estado tem uma de duas alternativas:

1 - Manter uma televisão própria orientada a conteudos de maior informação cultural e cientifica e de acesso geral sem submissão confessional a nenhuma corrente de pensamento.

2 - Pagar a emissão desses conteudos, ou parte deles, às televisões privadas assumindo estas o serviço de função pública, tendo neste caso que assegurar a sua fiscalização por forma a garantir que o dinheiro de todos nós está a ser bem gasto.

Saturday, June 28, 2003

Televisão Pública – Resenha Histórica


A discussão em torno da televisão pública é fundamental para definirmos o modelo de televisão que estamos dispostos a pagar com o dinheiro dos nossos impostos.

A evolução da televisão em Portugal é um fenómeno interessante.

No inicio a televisão era uma tecnologia apenas acessivel às classes económicamente mais abastadas por razões perfeitamente compreensiveis: os aparelhos eram caros para o nivel de vida do português médio e a rádio era, à altura, o meio de comunicação de acesso geral.

A programação reflectia o público a que se destinava, bem como a ideologia do regime e poderes vigentes. No entanto podemos encontrar na televisão desses tempos, uma preocupação com qualidade e profundidade de conteúdo que é independente da distorção ideológica que lhe era imposta.

Hoje é impensavel ver programas como os de Nemésio nas televisões nacionais.

A RTP criou dois canais acentuando claramente uma diferença de audiências, com um foco de maior exigência cultural no canal 2. Esta era uma evidência da existência de uma divisão social ao nivel do conhecimento e de cultura na sociedade portuguesa.

Tudo se manteve mais ou menos na mesma até à liberalização da televisão em Portugal.
Nesta altura a televisão existe na quase totalidade dos lares de Portugal assistindo-se pela primeira vez à competição pela captura da atenção dos portugueses.

(Para quem tem a ilusão de que as televisões servem para vermos filmes e reportagens, desengane-se. As televisões existem para vender publicidade, ou seja, as televisões emitirão tanta publicidade quanto a que você conseguir tolerar sem mudar de canal. As pausas são os outros programas.

O objectivo é somente o de prender a atenção do maior numero de pessoas pelo maior espaço de tempo por forma a que os anunciantes disponham de um público alvo suficientemente alargado para poderem vender os seus produtos.)


O que se assiste de seguida é a uma programação que se caracteriza pela ausência de qualquer preocupação em profundidade de temas.

No fundo a nova televisão passa a ser apenas um espelho da sociedade que temos. Pela lógica das audiências, que é a lógica do modelo de negócio das TVs privadas, tudo o que for do agrado de muitos está imediatamente sancionado.

Se se transmite apenas o que agrada a todos, então aquilo que se transmite revela o estado de maturação desses “todos”. Aqui os intelectuais falham quando exigem mais qualidade às televisões, pois estão no fundo a pedir mais qualidade aos portugueses.

(continua ....)

O fim de semana promete


Parece que a temperatura está para subir. Hoje é um daqueles dias em que ficar em casa não é uma opção.

Almoçar e jantar fora, breve incursão ao fim da tarde nos pasteis de Belém após um dia de praia.
O problema é sempre o que se escolhe para ler na praia. Há sempre 243 livros que ainda não lemos e que estão aos gritos nas prateleiras pedindo-nos um pouco da nossa atenção e do nosso tempo.

Fiz umas mudanças aqui no aspecto do blog, mas são apenas testes. Ainda há mais para fazer. Muito mais...


Thursday, June 26, 2003

Como se define o Bem e o Mal


As nossas ideias expressam-se por palavras.
As palavras têm um conteúdo emocional que utilizamos para categorizar a realidade.

"The basic tool for the manipulation of reality is the
manipulation of words. If you can control the meaning of words,
you can control the people who must use the words
."


Philip K.Dick

Quem define o conteudo emocional das palavras que utilizamos?

O bem e o mal


Factos:

O Prof. João César das Neves é um eminente economista português, e professor na Universidade Católica.
O Prof. João César das Neves escreve artigos de opinião em importantes jornais nacionais.
O Prof. João César das Neves é católico e acredita nas aparições de Fátima.
O Prof. João César das Neves tem a seguinte opinião sobre o bem e o mal.

Opinião:
O Prof. João César das Neves tem o direito absoluto de pensar o que pensa e de o poder publicar onde quiser. A tentativa de processar o Prof. João César das Neves por parte da Opus Gay usando como argumento que a sua opinião promove a intolerância, significa apenas que a Opus Gay pretende censurar a manifestação de ideias contrárias à sua visão do mundo.

O Prof. João César da Neves e a Opus Gay têm um ponto em comum: cada um acha que o outro não tem o direito de ser como é.

O problema com este tipo de pessoas/organizações surge quando acedem ao poder. Têm geralmente a tendência de impor aos restantes os seus pontos de vista, censurando os pontos de vista que lhes são contrários com os argumentos de: "intolerância", "anti-naturais", "antiquados" e por aí adiante.

Wednesday, June 25, 2003

O Encontro de Fernando Pessoa com Aleister Crowley


Na década de 30 algo de muito interessante ocorre na vida de Fernando Pessoa.

Após troca de correspondência, Aleister Crowley decide visitá-lo dando origem a um encontro memoravel que se prolonga por vários dias.



As análises e reflexões que existem sobre a natureza deste encontro são escassas e algumas francamente más, como o caso do livro recentemente publicado por um seu familiar (Encontro Magick de Miguel Roza). A obra é no entanto muito interessante na medida em que disponibiliza pela primeira vez a correspondência trocada entre ambos.

Dado o incómodo da familia de Pessoa relativamente ao seu contacto com Crowley, que impediu que estas cartas fossem publicadas durante mais de meio século, não conseguimos ter a certeza de estar perante a totalidade dos documentos disponiveis.

O Guardador de Rebanhos




Num meio dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia
Vi Jesus Cristo descer à terra,
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.


Tinha fugido do céu,
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras,
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem


E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.


Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!


Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três,
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz


E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz no braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras nos burros,
Rouba as frutas dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.


A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas,
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.


Diz-me muito mal de Deus,
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia,
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.


Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
"Se é que as criou, do que duvido" -
"Ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
mas os seres não cantam nada,
se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres".
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.
..........................................................................

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre,
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.


A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.


A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.
Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos a dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.


Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.


Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade


Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales,
E a fazer doer aos olhos os muros caiados.
Depois ele adormece e eu deito-o
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.


Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos,
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.
.................................................................................

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu no colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.
....................................................................................

Esta é a história do meu Menino Jesus,
Por que razão que se perceba
Não há de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?

O Guardador de Rebanhos
Alberto Caeiro
- O Mestre
Fernando Pessoa



Tuesday, June 24, 2003

Rumi, o poeta Sufi


When I am with you, we stay up all night.
When you're not here, I can't go to sleep.

Praise God for these two insomnias!
And the difference between them.

Bragança e a vingança


O caso das mães de Bragança é dos mais deliciosos de que há memória.

Teorema 1 - As senhoras são inteligentes
Demonstração:
Estas senhoras devem ter algumas noções de guerra psicológica.
A utilização da palavra mãe é muito mais forte em conteudo emocional que as palavras "mulheres" ou "esposas". Não há ninguém que aceite que algo de mal aconteça à sua mãe.
É o mesmo processo que faz com que por exemplo numa guerra se diga que foi atacado um "compound" em vez de "building" ou "house".

Teorema 2 - As senhoras fazem-se de parvas
Demonstração:
Se o teorema anterior nos pode remeter para ligações escuras entre as mães de Bragança e serviços de informação, o que se passa a seguir leva-nos para as mais eficientes técnicas de dissimulação: look how stupid I am.

Na televisão uma das ilustres afirmou:

"Não sei o que lhes fazem lá (claro se soubesse eles não iam lá). Devem fazer-lhes mézinhas, ou deitam-lhes droga na bebida, porque eles dizem que não querem lá ir mais (o Pai Natal existe) mas não conseguem resistir (ehehehehe).

Mas o que mais me deliciou foi a recente afirmação de um elemento da GNR que na recente vaga de fiscalização de casas de alterne, afirmou algo do seguinte calibre:

"Verificamos tudo. Começamos pelo livro de reclamações e vamos or aí adiante."

Já tinhamos percebido que em defesa da moral e bons costumes a GNR está a fazer uma razia na zona pegando em tudo o que é possivel pegar para afastar "as meninas" da região.

Mas livro de reclamações? :-))

Se a casa de alterne não tem livro de reclamações há um problema? Para quê? Para garantir qualidade ao cliente?

Vou ter que alcochoar o chão, já é o segundo dia que caio da cadeira a rir.



Monday, June 23, 2003

A propósito ... Aldous Huxley


Digressão Respeitante a Sofismas

Deve notar-se, de passagem, que, sempre que os autores fazem uso de locuções tais como «essência real» e «verdade mais alta», sempre que falam de ideias como sendo «naturais», «inerentemente correctas», «aprovadas pelo consenso universal», ou por «todos os homens bem pensantes», estão simplesmente a enfeitar as suas próprias convicções fortemente arreigadas e emocionalmente coloridas ou os seus preconceitos com disfarces que impressionem o leitor. «Verdade mais alta» soa incomparavelmente melhor do que «a minha opinião», e «todos os homens bem pensantes concordam» transporta muito mais convicção do que o claro «Eu penso».


Sobre A Democracia e outros estudos, Colecção Dois Mundos Edição Livros do Brasil

O enfâse colocado no texto é meu.

O PRD afinal existe


Hoje pude ler o artigo de PRD acerca dos blogues. E quero partinhar os seguintes pensamentos acerca do mesmo.

Já me dizia o meu avô que para compreender as intenções duma pessoa é tão importante o que ela diz como a forma como o diz.

Para começar não me pareceu muito elegante deixar a ideia de que um colega seu estava a lutar contra uma diminuição de desempenho profissional devido ao seu interesse pelos blogues.

Não que isso não possa ser verdade, mas para efeitos das ideias que quer expor eu não precisava de saber isso e ele certamente não necessitava dessa exposição.

Por outro lado torna-se evidente que para o PRD enquanto um notavel circular na esfera restrita dos fazedores de opinião, da qual ele faz parte, está tudo bem. Quando o notável decide descer ao vulgo, PRD apelida-o de: vaidoso, cobarde e presunçoso. Há muito que não via uma tal manifestação de elitismo.

Sobramos nós, os pobres coitados anónimos que escrevemos blogues que "vomitamos ideias e opiniões como se fossemos incontinentes", escrevemos "texto vomitado a metro" e "cheios de raiva", segundo PRD.

O problema reside na incapacidade de selecção do que vai ser escrito por parte de quem escreve blogues; e então, qual é o problema?

Por acaso algum bloguista exige que lhe paguem para ler o que escreveu? Que sentido faz então exigir qualidade ao bloguista ? Essa exigência fazemo-la nós a si, PRD, sempre que compramos o seu jornal.

Depois vem a piece de resistance: "Se houvesse leis sobre a matéria e eu pudesse legislar, os "blogues" existiam." Estamos perante um rei implacavel mas benevolente. Agradeço e registo

Esta frase define numa penada uma pessoa que acha que a qualidade se pode impor ou tolerar por decreto, esquecendo-se das inumeras vezes que "falta de qualidade" foi o argumento invocado para: censurar.

Mas a minha preferida é "estão a negar a essência do seu trabalho". Veio-me à memória a análise que Aldous Huxley faz em "Sobre a Democracia" acerca das pessoas que utilizam a palavra "essência" para defender um argumento. É um texto brilhante e que será citado futuramente.

Enfim ... Não era o PRD o partido que ia trazer qualidade à vida politica portuguesa?

To Blog or not to Blog


O blog é um instrumento que permite a qualquer cidadão dizer o que quiser, como quiser, quando quiser.

Isto parece perturbar alguns que acham que a maior parte do que é dito não tem qualidade, é agressivo, demasiado impulsivo e por aí adiante.

Qualquer manifestação de liberdade na sua génese envolve excessos, comportamentos infantis; isso é normal. Quem não aprendeu isto, que reveja imagens do 25 Abril durante os anos a seguir à revolução, nomeadamente as entrevistas efectuadas com o povo e os lideres revolucionários.

No fundo pretende-se sugerir que há coisas que não devem ser ditas, ou a serem ditas o devem ser de uma determinada forma, e em ocasiões adequadas.

Estou perfeitamente de acordo. Mas permito-me perguntar quem define essas restrições.

É também claro que os blogs são expressões de ego mais ou menos inflacionado que quer ser conhecido e admirado. Basta ver o afã com que a grande maioria dos bloguistas portugueses se atiram a colocar links nas suas páginas para páginas de celebridades.

Mas qual é o problema ? Essa tentativa não levará o bloguista a tentar elevar-se, um pouco que seja, acima de si mesmo?

O tempo se encarregará de fazer a selecção do que permanece e do que perece.

Desconfio sempre daqueles que sendo senhores e deuses no seu Universo, pretendem tornar o seu ponto de vista soberano no Universo de outros.

Com a sombra gigantesca de um Ego que tudo escurece.

Imposto sobre a flatulência


Dorido após queda violenta da cadeira onde estava sentado, escrevo este blog ainda com fortes contracções abdominais de tanto rir.
O acordo de Kyoto obriga a um imposto sobre a flatulência (palavra educada para peido) das vacas neozelandesas.

Exigo a presença imediata do nosso ministro da Agricultura com o devido equimento cientifico necessário para determinar o imposto a aplicar nos Açores.

Quem disse que não há sentido de humor no Universo?

Dresden


Tive há muitos anos atrás uma acção de formação dada por um especialista em Comunicação com formação nos EUA.
Num do almoços ele relatou-me o seguinte episódio:

"Durante a segunda guerra mundial, houve bombardeamentos intensos por parte das forças aliadas sobre Dresden duma forma continuada. De inicio a população escondia-se e tentava proteger-se.

Passado algum tempo verificou-se algo de estranho. Apesar dos bombardeamentos as pessoas andavam nas ruas e comportavam-se aparentemente como se nada se passasse. Quando lhes perguntaram porque agiam assim responderam:
"Não podemos fazer nada."

O sentimento de impotência continuado perante uma tragédia, parecia resultar em resignação."

Respondi-lhe que não percebia onde queria chegar.

Ele disse:

"Você ainda não percebeu o efeito que pode ter sobre uma população inteira estar a ser bombardeada constantemente com noticias de desgraças, guerras, mortes contra as quais se sente impotente? Já reparou que é isso que se passa todos os dias nos telejornais?"

Sunday, June 22, 2003

Herman e a Idade Média


Na Idade Média os deficientes, os doentes mentais eram motivo de escárnio e de espectáculos de circo para gáudio da populaça.

No programa do Herman aparecem uns pobres coitados, como o do principado do Algarve, que são gozados por ele para gáudio de todos.

No fundo, tudo na mesma...

O Clube dos Poetas Mortos


Há uma conversa que tive com o meu falecido avô que nunca esquecerei.
Disse-me ele:

Lembra-te sempre que o mais importante é que penses por ti. O conhecimento, a cultura são importantes mas não são um fim em si. Usa-os como um instrumento, como um exemplo do que outros homens antes de ti ousaram pensar.

Constroi com paciência o teu ponto de vista, mas não sejas um papagaio. Para construir o teu caminho irás descobrir que terás que destruir obstaculos que para outros são verdades garantidas.

E sobretudo não deixes que a tua determinação degenere em intolerância e em rigidez de pensamento. Lembra-te que tudo é relativo, e que a ciência como a filosofia sempre evoluiram pondo em causa o que antes se tomava como certo e inquestionavel.

No Universo como na Vida só há uma constante: a mudança
.”

Anos depois ao ver o “Clube dos Poetas Mortos” recordei esta conversa com saudade.

É muito dificil colocarmo-nos em cima da secretária(1) mesmo que isso nos permita ter uma nova visão sobre as coisas. No fundo é só preciso um pouco de vontade, e coragem...

(1) Este acto que ocorre no fim do filme, simboliza o ir além das doutrinas com que somos treinados. O acto de pisar significa rejeição e é uma humilhação para o objecto/ideia pisado, sendo uma prática comum nos países árabes como se viu recentemente no caso do Iraque em que a população atirava com sapatos à estátua de Saddam.

Jelaluddin Rumi, o Sufi (nascido em 1207)


Se tu queres o que a realidade visivel
pode oferecer, és um empregado.

Se tu queres o mundo invisivel,
não estás a viver a tua verdade.

Ambos os desejos são tolos,
mas serás perdoado por esqueceres
que aquilo que realmente queres é
a alegria confusa do amor.


Traduzido de
The Essential Rumi, Castle Books

O Nome da Rosa


Recordando o filme e o livro. Qual era no fundo o grande problema?
O riso, o humor. Se o homem se risse de tudo poderia eventualmente rir-se de Deus, e isso era considerado demasiado perigoso.

Leiam com atenção o seguinte texto

"It is no mere toy either. The Jesus Dress Up Refrigerator Magnet project was rejected by five manufacturers due to subject matter alone! No American printer would touch it and the stores you shop at won't carry it! Demand is high and I am but a starving artist so quantities had to be minimal. It's an item as rare as it will be collectable." Link

Percebam porquê: Jesus Dressup

Novamente me vem à memória o filme Good Morning Vietnam particularmente a cena em que o soldado "humorista" explica ao personagem interpretado por Robin Williams o que é humor e o que não é. Que o humor tem limites.

Saturday, June 21, 2003

Pensamento do dia


Num Universo em expansão quem fica parado anda para trás

David Attenborough e a Censura


Recentemente passou num dos canais de televisão (não me recordo qual) um programa sobre David Vaitembora. Para além de falarem da sua carreira e do papel fundamental que desempenhou na BBC, relataram um episódio polémico e marcante enquanto apresentador de programas sobre a Vida Natural.

Numa floresta tropical, David e a sua equipa, filmaram um grupo de macacos que perseguiu e caçou outro macaco. Ao apanharem-no comeram-no vivo. Literalmente. As cenas que foram para o ar foram resultado de uma pesada edição sobre o material original.

Mesmo assim levantaram-se vozes em fúria contra o programa, simplesmente porque David tinha ousado transmitir algo que não batia certo com a ideia de natureza cor-de-rosa que muitos têm.

A defesa de David foi sincera e muito elucidativa. Disse ele que aquele evento era muito importante, não pela brutalidade de que se revestia, mas pelo facto de estarmos a presenciar as origens do agrupamento em simios para fins de caça. O mesmo mecanismo que estava nas origens das mais primitivas sociedades humanas.

Lembremo-nos que a censura se inicia quando um facto não se enquadra na visão que temos do mundo e decidimos não alterar a nossa visão por forma a incluir esse facto.

De facto há quem prefira ignorar esse facto, ou até mesmo dizer que ele não existe.

As origens pré-históricas da Esquerda e da Direita


Na nossa pequena tribo temos duas visões distintas sobre a sociedade:

Esquerda - O grupo é sobrevalorizado em relação ao individuo
Direita - O individuo é sobrevalorizado em relação ao grupo




Sociedade Parte I - Pré História (logo pela manhãzinha)


Há algo muito importante de que não devemos esquecer na nossa tribozinha pré-histórica.

Ao decidir juntar-se ao grupo, cada homem/mulher trazia consigo algo que não lhe foi dado por essa sociedade mas que lhe havia sido dado pela própria Natureza.

Liberdade. Total e absoluta. Todo o homem nasce livre e pode mover-se à face da Terra de acordo com a sua vontade e fazer o que quiser de acordo com essa vontade.

Disto ele não pode prescindir por se juntar ao grupo, é um direito natural ou seja divino não sujeito a ser atribuido ou retirado pela sociedade a que pertence. É por este motivo que qualquer constituição de um país ou União deverá consagrar os direitos fundamentais de liberdade de pensamento como direitos concedidos pela Natureza (se quiserem Deus) e não como direitos concedidos por essa sociedade.

Pode parecer uma questão de semântica mas não é. Se considerarmos que esse direito é atribuido pela sociedade então ela está legitimada a retirá-lo quando entender necessário.

O dever de uma sociedade sâ é o de garantir a salvaguarda desses direitos de que ela é o garante, não a origem.

Coloca-se aqui o problema do crime e da restrição da liberdade que pode parecer estar em contradição com o que foi dito até ao momento.
O crime define-se como um comportamento anti-social na medida em que consiste em actos que:

1. Prejudicam um cidadão, o sub-grupo social ou toda a sociedade.
2. Aumentam o beneficio de um, à custa do sacrificio dos restantes.

Por exemplo: Não é crime uma pessoa inteligente criar um império comercial/industrial e com isso poder comprar casas de sonho, iates o que desejar. Mas é um crime se o fizer evitando pagar impostos, conseguindo comprar terrenos públicos a preços de saldo: enfim evitando contribuir para o bem de todos.

Em suma e para fazer uma pausa:

Não é pecado ter sexo antes do casamento.
É pecado não pagar o valor justo pelo trabalho de um concidadão.
Não é pecado poligamia, homosexualidade.
É pecado não pagar impostos em nome de Deus.

Mas o pecado supremo é gerir mal o bem público, ou geri-lo para beneficio próprio. Pois este tipo de ladrão não é igual ao assaltante que rouba a casa durante a noite prejudicando um.

Não, ele rouba todos nós.

Sociedade Parte I - Pré História (a seguir ao jantar)


Obviamente numa sociedade surgem pessoas mais inteligentes e mais espertas que outras. Isso não é necessáriamente negativo, nem é reprovavel que uns possam retirar de uma sociedade mais beneficios que outros.

Não deve escandalizar ninguém que numa sociedade que necessitasse de competências especificas na manipulação do ferro, os ferreiros retirassem mais beneficios sociais da sua contribuição que por exemplo um pastor, desde que essa contribuição fosse para melhorar a sociedade no seu todo, incluindo o pastor.

O problema surge quando, sob a capa de um valor, alguém convence os restantes que se devem sacrificar para o bem comum.

Este bem comum, que é uma qualidade eterea bem sonante, assume concretamente a figura de instituições ou sub grupos sociais dominados e controlados precisamente por quem defende a ideia de sacrificio para esse bem comum.

Este sacrificio em nome do bem de todos significa no fundo o seguinte: Passas a retirar menos beneficios por estares em sociedade, porque isso é melhor para todos.

Isto é o oposto do que inicialmente acordámos quando nos decidimos juntar e formar uma sociedade: maior beneficio para todos.

Assim se inicia uma sociedade de escravos e termina uma sociedade de homens livres. (continua...)

Friday, June 20, 2003

Sociedade Parte I - Pré História


Num tempo em que o homem podia contar apenas consigo para sobreviver de acordo com as regras impostas pela Natureza, a sua organização social reflectiu necessariamente a forma como essa sobrevivência era mais bem conseguida.

Caçar em grupo é evidentemente, mais proveitoso para cada elemento desse grupo que caçar isoladamente. Ou seja, de acordo com as regras de jogo impostas pela Natureza o homem associou-se porque tirava mais beneficio individual dessa associação.

Enquanto este facto fundamental for válido numa sociedade, essa sociedade está a cumprir o fim para a qual foi criada. Quando isso deixar de acontecer está na altura de a modificar ou de a abandonar.

Ao contrário do que pode parecer este facto não advoga um reconhecimento da igualdade de todos na sociedade. Todos os seres humanos nascem diferentes em capacidades, aptidões e tendências. A contribuição que cada um pode fazer para o grupo varia em qualidade e quantidade, e é de natureza distinta (artes, ciências) dependendo (sabe-se hoje) da sua herança genética.

As sociedades foram assim criando sub grupos dentro de si com especialização de tarefas ditadas sempre por máxima conveniência. Se as mulheres não participavam na caça, não era porque os homens dessa época fossem misógenos mas simplesmente a sua estrutura fisica e muscular não era tão eficaz quanto a dos homens nessa tarefa.

Defender que a caça é uma coisa de homens, hoje que não necessitamos de caçar para sobreviver, é trazer a lógica da idade da pedra para a era da energia nuclear. Nem machistas nem feministas precisam de se preocupar com o que é certo ou errado em termos de papeis e funções sociais; se atendermos ao principio da máxima eficiência e de maior beneficio social, a Natureza ela própria se encarregará de conduzir homens e mulheres para as funções que têm a desempenhar num dado momento histórico/tecnológico de uma sociedade.

É apenas quando uma sociedade se começa a moldar de acordo com uma ideologia em vez de leis naturais, que as coisas começam a andar para o torto.

A fixar: A ideia subjacente em pertencer a uma sociedade é o egoísmo inteligente.
(Agora vou jantar. Volto dentro de momentos)

Templo é dinheiro !

Interessante a noticia de que o santuário de Fátima apresentou lucros (chamo a atenção para a palavra empregue) de 8 milhões de euros.

Para uma mentira tão valiosa não há verdade que resista!

Fátima, o maior embuste realizado no século XX, por portugueses e para portugueses.

De volta ao púlpito.

Ok. Estou de volta de mini-férias e pronto para a partilha de ideias.

Saturday, June 07, 2003

Um guia rápido para Religião Comparada. No shit !


ATHEISM: No shit
BUDDHISM: "If shit happens, it really isn't shit."
CALVINISM: Shit happens because you don't work hard enough.
CATHOLICISM: Shit happens because you are BAD.
CEREMONIAL MAGIC: I Can make shit Happen.
CHRISTIAN SCIENCE: Shit is only in your mind.
CONFUCIANISM: Confucius say: "shit happens."
EXISTENSIALISM: What is this shit anyway?
FUNDAMENTALISM: BIG shit will happen... SOON!
HARE KRISHNA: Shit happens Rama Rama.
HEDONISM: There's nothing like good shit happening.
HINDUISM: This shit happened before.
ISLAM: "If shit happens, it is the will of Allah."
JEHOVAH'S WITNESSES: Let us save you from the shit.
JUDAISM: Why does shit always happen to US?
MOONIES: Only happy shit really happens.
MORMONISM: If shit happens, you have two wives to blame it on.
NEW AGE: Visualize no shit happening.
PAGANISM: Shit is a part of the Goddess too!
PROTESTANTISM: Shit won't happen if I work harder.
QUAKERS: "No shit here, please."
RASTAFARIANISM: Let's smoke some shit.
SCIENTOLOGY: Feces Occurs.
STOICISM: Shit is good for me.
7TH DAY ADVENTISTS: No shit on Saturdays.
TAOISM: Shit happens.
TELEVANGELISM: Send money or shit will happen to you!
WICCANISM: "Oh shit, I got that spell wrong again."
ZEN: What is the sound of shit happening?
ZOROASTRIANISM: Shit happens half the time.


Friday, June 06, 2003

Sobre Inteligência Artificial, que a natural escasseia...



"Para cada sequência de percepções possivel, um agente racional ideal deverá executar a acção que maximize a sua medida de desempenho, com base na evidência fornecida pela sequência de percepções e pelo conhecimento inato que o agente possuir"

E pouco depois o óbvio

"Um sistema é autónomo na medida em que o seu comportamento é determinado pela sua própria experiência"

Peter Norvig, "Artificial Inteligence"

A minha experiência diz-me que está na altura de um fim de semana prolongado. Bom fim de semana a todos!

Homem SANTAL do Milénio

Para quem gosta de História, aqui vai um excerpto do livro de Rainer Daehnhardt, "Homens, Espadas e Tomates" da Quipu.

Suleimão Paxá – um eunuco que tomou o poder – cercou, com cerca de 70 galés turcas e um exército de terra de 23.000 homens a fortaleza de Diu defendida por apenas 600 portugueses e enviou uma carta insultuosa ao Capitão de Diu, António da Silveira, comparando-o, e aos seus homens, com gado encurralado. Silveira enviou-lhe a seguinte resposta:

Fica a saber que aqui estão portugueses acostumados a matar muitos mouros e têm por capitão António da Silveira, que tem um par de tomates mais fortes que as balas dos teus canhões e que todos os portugueses aqui têm tomates e não temem quem não os tenha!”

Homem SANTAL do Mês

Este prémio destina-se a reconhecer a utilização para fins de utilidade pública, das duas blogoesferas que fazem de um homem um Homem.

Este prémio é atribuido este mês a António Marinho.

Poema Imperial


Há quem sua alma fugidia
Se eleve e ilumine;
e com circunspecta poesia
se sinta mais sublime.

Por mim não desejaria
trocar um prego e uma mine
em fim de tarde com maresia
por coisa morta que rime.

Poeta de Alcova

Wednesday, June 04, 2003

Adopção da Diferença

O Bloco de Esquerda já não está na vanguarda da luta contra o preconceito.
A defesa de adopção por parte de casais homosexuais já não é novidade; os países mais avançados já lidam com isso naturalmente.

Vamos inovar e oferecer a possibilidade da adopção 2 em 1: adopção por transexuais. Já não há o problema da distinção de quem é o pai e de quem é a mãe, levantado pela nobre deputada do PSD.

Pois, pois a senhora não consegue distinguir o "macho" da "femêa" no casal homosexual.
Vou oferecer-lhe um casal de cavalos marinhos para pôr no aquário.

Vinde a mim as criancinhas

Dos mails que recebi, e que agradeço, aqui vai um excerpto de um artigo que tiveram a amabilidade de anexar:

"The problem of some Catholic priests sexually molesting children has been known for long time.
The reason the problem did not make the headlines before, is simply because Catholic Church leaders have clung to a policy of secrecy and defensiveness. Whenever a scandal surfaced, Church officials dismissed parents’ complaints, or made a financial settlement and reassigned the offending priest to another parish, while ordering members to be silent.

This policy of secrecy is finally coming to an end. Newsweek reports, “since this crisis exploded in January, accusations against nearly 200 priests have surfaced in 13 states and Washington, D. C. Sylvia Semarest, a Dallas lawyer who has reviewed court filings nationwide, estimates that 1,400 or more priests have been sued in recent years” (Newsweek, April 1, 2002, p. 53).

The problem of child sex-abuse by Catholic priests, is not confined to the USA. Reports are now coming in from several foreign countries where Catholic priests are being sued for their molestation of minors. "


Outros mails colocam a necessidade de desenvolver mais algumas das ideias expostas, o que irá acontecer logo que for possível.

Não percebo o Alçada Baptista. No fundo parece-me ser mais um teórico do sexo extraconjugal.

"Por detrás de um grande homem está sempre uma grande mulher, e atrás dela está a mulher dele" Groucho Marx

Tuesday, June 03, 2003

A forma de ser azul (claro e escuro)

Encontro com um amigo Bloquista
Hoje tive um encontro com um amigo que muito me animou.
Sendo ele do bloco de esquerda admirei o seu contorcionismo quando me explicou a repentina mudança estratégica-ideológica a favor da Europa.

Outra das suas dificuldades foi explicar-me a razão pela qual as figuras de proa são sempre as mesmas.
Já repararam que acontece o mesmo na CGTP, PCP ? Afinal aqueles que se dizem os mais democratas acabam por se eternizar no poder.

São as suas organizações tão pobres que não conseguem gerar alternativas de liderança ?

Democracia significa que todos possuem as mesmas oportunidades, isto é as regras são iguais para todos; o topo está disponivel para aqueles a quem a Natureza dotou das qualidades necessárias para o atingirem.

Galos sentados em poleiros de capoeiras cujas regras estão feitas por forma a impedirem outros de lá se sentarem, soa-me pouco a democrata e mais a galaró espertalhão.

A tua oportunidade é o teu nome

Na sequência do que foi dito anteriormente é bom que se esclareça que os dados estão viciados a todos os niveis. Cargos de relevo são atribuidos de acordo com ligações familiares em grandes grupos nacionais e não me estou a referir a grandes cargos.

É facil encontrar em inicio de carreira jovens de nomes sonantes a ocuparem postos que outros demoram anos a atingir. Ou seja as regras não são iguais para todos pois dependem do apelido.

Os problemas que se colocam são complicados porque o que conta no fim do dia para desenvolver um país é a massa cinzenta disponivel. Acham que alguém verdadeiramente inteligente vai aceitar ser preterido por outrém que não sendo mais inteligente que ele possui apenas um apelido mais social?

Mesmo que compreenda que isso é feito no sentido de criar pontes entre grupos económicos afim de dinamizar oportunidades de negócio, não sentirá ele igualmente a profunda injustiça que isso significa?

Terá ele que concluir que Portugal é demasiado paroquial e que o seu futuro, que só dele depende, tem melhores perspectivas noutra sociedade?