Sunday, June 29, 2003

As Televisões Privadas


As novas televisões não se limitaram apenas a rentabilizar-se enquanto negócio que são, produzindo programas que maximizem audiências; os accionistas dessas empresas têm a noção clara do enorme poder que possuem. O poder de influenciar a opinião dos telespectadores, opinião essa fundamental na decisão do sentido de voto, logo na definição de quem acede ao poder.

A manipulação das noticias e informação por parte das televisões privadas como suporte à sua agenda politica, não pode ser descurada. Isto não significa necessariamente que omitam ou fabriquem informação, mas sim que a apresentem de forma a que se enquadre nos objectivos pretendidos.

Estes são os problemas que as televisões privadas podem colocar a uma sociedade que se pretende democrática:

1 - Influenciar de forma decisiva as opções politicas dos eleitores (veja-se Itália).
2 - Manter o seu público alvo com baixo nivel informativo e cultural.


Sabemos hoje que vivemos num tempo em que o trabalho braçal não é o que dita a diferença na competividade num país, mas sim a inovação, a capacidade de gerar novas ideias.

Isto consegue-se apenas com liberdade de pontos de vista, com maior diversidade cultural, com maior escolaridade e com uma maior capacidade de colocar em causa o que se assume como adquirido.

Neste contexto a responsabilidade social das TVs é enorme.

Uma televisão privada que, por motivo do seu modelo de negócio, emite programas cujos conteúdos são única e exclusivamente de entretenimento e cujo critério de qualidade é a audiência conseguida, num país de baixa literacia, não está a ajudar esse país em nenhum aspecto.

O Estado tem uma de duas alternativas:

1 - Manter uma televisão própria orientada a conteudos de maior informação cultural e cientifica e de acesso geral sem submissão confessional a nenhuma corrente de pensamento.

2 - Pagar a emissão desses conteudos, ou parte deles, às televisões privadas assumindo estas o serviço de função pública, tendo neste caso que assegurar a sua fiscalização por forma a garantir que o dinheiro de todos nós está a ser bem gasto.

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