Extremos
Existe um padrão de comportamento muito interessante de observar que consiste no chamado "extremar de posições".
Durante uma conversa se um dos interlocutores assumir uma posição oposta à do seu parceiro, geralmente este tende a extremar a sua própria posição.
Este extremar de posição é geralmente acompanhado por um maior envolvimento emocional com a sua própria opinião, e aquilo que antes era uma conversa transforma-se numa luta de sobrevivência.
Se um dos interlocutores tiver consciência deste processo, ele pode habilmente conduzir o seu oponente a um estado emotivo de identificação com os seus próprio argumentos e desta forma obscurecer a lucidez do seu raciocinio. Isto é uma técnica muito utilizada em politica.
Mas o problema reside para quem quer, de uma forma calma e objectiva, transmitir um ponto de vista que colide com pontos de vista arreigados na maioria das pessoas. Aqui a tarefa é duplamente árdua dado que para além duma boa fundamentação é necessário lidar com as reacções emocionais dos receptores.
Como todos os grandes saltos no pensamento humano têm sido feitos à custa de colocar em causa o que antes se tomava como certo, parece inevitavel este tipo de situação.
Mas algo parece ficar evidente, são raros aqueles que argumentam de uma forma lógica e ponderada quando perante um novo ponto de vista. A grande maioria defende-se a si próprio, pois confundem aquilo que são com aquilo que pensam.
Trata-se de Descartes levado ao extremo: "Penso logo existo".
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