Monday, September 15, 2003

Extremos


Existe um padrão de comportamento muito interessante de observar que consiste no chamado "extremar de posições".

Durante uma conversa se um dos interlocutores assumir uma posição oposta à do seu parceiro, geralmente este tende a extremar a sua própria posição.

Este extremar de posição é geralmente acompanhado por um maior envolvimento emocional com a sua própria opinião, e aquilo que antes era uma conversa transforma-se numa luta de sobrevivência.

Se um dos interlocutores tiver consciência deste processo, ele pode habilmente conduzir o seu oponente a um estado emotivo de identificação com os seus próprio argumentos e desta forma obscurecer a lucidez do seu raciocinio. Isto é uma técnica muito utilizada em politica.

Mas o problema reside para quem quer, de uma forma calma e objectiva, transmitir um ponto de vista que colide com pontos de vista arreigados na maioria das pessoas. Aqui a tarefa é duplamente árdua dado que para além duma boa fundamentação é necessário lidar com as reacções emocionais dos receptores.

Como todos os grandes saltos no pensamento humano têm sido feitos à custa de colocar em causa o que antes se tomava como certo, parece inevitavel este tipo de situação.

Mas algo parece ficar evidente, são raros aqueles que argumentam de uma forma lógica e ponderada quando perante um novo ponto de vista. A grande maioria defende-se a si próprio, pois confundem aquilo que são com aquilo que pensam.

Trata-se de Descartes levado ao extremo: "Penso logo existo".





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