Sunday, September 14, 2003

O Relato de Koestler




Leia-se com atenção o seguinte relato de Koestler quando preso numa cela de morte, meditou sobre a prova de Euclides relativa ao facto de os numeros primos serem infinitos.

Varreu-me como uma onda. A onda tinha-se originado na emergência de uma expressão verbal articulada; mas evaporou-se messe instante deixando apenas uma essência inexprimivel, uma fragância de eternidade, um arrepio da seta no azul.

Devo ter ficado ali parado durante uns minutos, em transe, com uma consciência sem palavras de que "isto é perfeito, perfeito"...

Depois senti-me a flutuar de costas num rio de paz, sob pontes de silêncio. O rio vinha do nada e dirigia-se a lugar nenhum.

E note-se agora a descrição do "ponto critico" da experiência.

Depois não havia rio nem eu. O eu tinha deixado de existir....
Quando digo "o eu tinha deixado de existir refiro-me a uma experiência concreta que não é verbalmente comunicável, tal como a sensação provocada por um concerto de piano, e igualmente real - mas muito mais real.

De facto, a sua marca principal é a sensação de que esse estado é mais real do que qualquer outro antes sentido.

Arthur Koestler, The Invisible Writing

Os negritos, uma vez mais, são meus.

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