Thursday, March 04, 2004

Aborto


O problema resume-se básicamente a:

1) Existe uma lei que criminaliza em Portugal, uma prática efectuada por mulheres que coloca a sua vida em risco e que é feita de forma clandestina.

2) O fundamento que é subjacente à criminalização desse acto é de origem religiosa, ou advém de preceitos religiosos. Logo do foro privado.

3) A maioria da população está a favor de um referendo para que exista a possibilidade de se poder descriminalizar esse comportamento.

4) Indicadores seguros apontam para um apoio maioritário do povo português à despenalização do aborto.

5) Os representantes da vontade do povo negam essa possibilidade, mantendo a possibilidade de encarcerar uma mulher por uma prática que é condenada pelos preceitos de uma religião.

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Conclusão:
O Estado não é policia de nenhuma religião, nem é sua função utilizar os seus mecanismos coercivos para impor os valores de uma crença.

O Estado não pode invocar o respeito pela vida humana na medida em que o próprio Estado dispõe da vida dos seus cidadãos em tempos de conflito.

Não faz sentido defender a vida de um ser humano em formação, e ignorar a de um ser humano que já sentiu, viveu e experimentou.

É que um deles sente a angústia de perder o que já conhece, o outro não.

Em suma, o Estado não é dono da vida dos seus cidadãos.
O Estado é uma estrutura ao serviço dos cidadão para regular a sua vida em comum.

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Acção:
Toda e qualquer mulher que tenha praticado aborto deverá denunciar-se por forma a ser julgada de acordo com a lei em vigor.

O objectivo é inundar os tribunais com processos relativos a algo que a maioria quer que mude.

Mostrem que não têm medo.
Mesmo que haja um preço a pagar.

Porque se isto porventura acontecesse, quem teria medo seriam aqueles que hoje mesmo negam às mulheres a possibilidade de praticar o aborto sem medo.

Mostre que não vive com medo.
Mostre que não aceita viver sob o estigma da culpa.

Mostre quem manda!

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