Monday, January 19, 2004

A Seda que Oculta Deus



Um estado laico é um estado que não adopta uma religião oficial, ou seja não reconhece qualquer tipo de preferência a qualquer das confissões religiosas seguidas pelos diferentes segmentos da sua população.

O estado laico reconhece o direito a qualquer cidadão de acreditar no que bem entender, desde que isso não se reflita sobre uma diminuição dos direitos e deveres pelos quais o próprio estado se rege.

O que um estado laico não tem o direito, é de restringir qualquer tipo de comportamento que advenha da profissão de uma fé e que em si não comprometa dos direitos e deveres vigentes.

O véu, em si marca apenas a presença do crente que o usa. Um estado laico, verdadeiramente livre não teme aquilo que pode considerar manifestações de obscurantismo, pois detém a mais poderosa das armas: a protecção da diversidade.

Proibir o uso de véus em escolas públicas é uma tolice sem nexo.

Não se mudam mentalidades por decreto.


Um estado verdadeiramente laico, em vez de se preocupar com o uso de véus devia, isso sim, preocupar-se com a exigência de comportamentos por parte das religiões que estão em total contradição com a ciência, e que ao serem seguidos podem causar a morte ou sérios danos aos crentes.

O anátema da utilização do preservativo por parte da Igreja Católica, em nitida oposição com todos os dados da OMS.
A recusa de transfusões de sangue por parte das Testemunhas de Jeová.

Estes sim são exemplos de monumentos à estupidez humana, que em nome de um Deus cego em relação ao que se passa no mundo não se importa que se sacrifiquem mais uns quantos dos que fazem parte da criação.

Mas não me recordo de nenhum estado laico, que tenha tomado algum tipo de atitude realmente eficaz que demonstre que os limites das religiões são os limites éticos de respeito pelos outros.

O estado laico, para terminar, deve estar um passo à frente das religiões em termos éticos, e não um passo atrás.

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