Saturday, January 17, 2004

A Alegoria da Cidadela e a Natureza deste Blog


Aconselhamos que seja lido o post anterior antes de ler este

Que outra coisa é a cidadela, que não a mente do próprio homem que ele construiu e organizou?

Esta é a sua cidade, o seu microcosmos a representação mental que criou a partir das impressões que recebe do mundo.

As suas muralhas servem duas funções. Como marco daquilo que criou e também como forma de protecção ao assalto das forças hostis.

Não é o homem orgulhoso daquilo que pensa, da forma como ele vê o mundo? Não apresenta ele a mais tenaz das defesas quando confrontado com um Ponto de Vista oposto?

Se assim não fosse diriamos estar perante um fraco, um influenciavel. Alguém que não tem personalidade e não sabe afirmar-se.

É justo então assumir que um homem que contruiu a sua cidadela se considere aí o seu supremo soberano, pois cada homem é o único Deus na esfera do seu próprio pensamento.

E não deseja um homem de estirpe Real, que a sua mente seja um local onde impere apenas a Verdade?

Não é esse o fim último da sua criação?

Então é necessário estar atento, e não deixar que a mente seja invadida por qualquer pensamento que não seja consentâneo com a acção.

Pois o que é um homem que pensa uma coisa e age doutra forma? É na união entre os Céus e a Terra, entre o pensamento e a acção que se manifesta a glória da criação.

Os guardas representam essa atenção, e a arma que utilizam para garantir que a esfera da mente se mantém firme, é a Espada ou seja a razão.

O homem santo é a manifestação visivel da Ideia Última a que muitos, à falta de melhor, chamam Deus, Nirvana, Shamadi, Satori ou tantos outros nomes.

O importante perceber é que ela só se dirige à cidadela, isto é à mente do homem, quando a cidadela existe. Parece ser uma tautologia, mas para que o "Espirito desça é necessário que o Templo esteja preparado".

O homem Santo, ou a Ideia última não é dual. Representa um modo de funcionamento da mente que transcende a forma de operação da razão.

E quando se apresenta finalmente às portas da mente transportada por um burro, esta é a Aurora Dourada de que os misticos e os alquimistas falam.

As sentinelas, ou seja os mecanismos de cognição e classificação da mente não a reconhecem por aquilo que ela é, ou caso contrário não a tentariam impedir de entrar. Recusaria qualquer um de nós a entrada de Deus em suas casas?

E quando a Ideia surge, a mente ameaça-a com a razão e tenta analisá-la.

Mas não é possivel.

O modo de operação da mente é DESTRUÍDO naquele instante.

A mente não sabe o que fazer.

Pára.

Extâse.

Nada.

Luz.


E o que resta a um homem, que foi Rei da sua mente, naquele instante?
Fazer aquilo que é sensato e inevitavel.

Abandonar a cidadela, a estrutura da sua mente que é o castelo que havia construido, e viajar pela imensidão do mundo que o rodeia acompanhado de quem o libertou.

(*) Porque motivo se apresenta a Ideia Suprema transportada por um burro, isso fica para cada um de vós interpretar. Pois aí está escondido o mecanismo pelo qual podemos compreender a sua Natureza.

Mas como pista para os interessados não será demais indicar que na alegoria de Cristo, este é acompanhado de um burro à nascença e é um que o carrega quando entra em glória em Jerusalem.

Por sinal uma cidadela.

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