Wednesday, January 14, 2004

A Mente II


A melhor forma de dirigir a razão é fazer uso dos seus próprios vicios. Utilizar um encadeamento lógico de argumentos e apontar-lhe a direcção do desconhecido.

Aí, tomada pelo afâ orgulhoso de tudo querer explicar, atira-se ao raciocinio que nem um cão fiel de caça.

Suponhamos o seguinte:

As nossas faculdades mentais e a estrutura neurobiológica do nosso cérebro, são o resultado de um processo evolutivo que hoje é um facto aceite cientificamente.

A evolução não é um processo que ocorreu há milhares de anos atrás e que resultou no mundo tal como o conhecemos.

A evolução é um processo que continua hoje e que nos conduz em direcção a algo que não conseguimos antever.

Não será descabido supor que existam na mente humana diferentes modos de funcionamento que correspondam a diferentes fases da evolução do cérebro do homem. Este facto é verificavel com facilidade.

Podemos então utilizar como hipotese de trabalho que determinadas modalidades de funcionamento da mente humana possam ser modos de operação que estão numa fase embrionária do processo evolutivo a que o homem está sujeito.

O facto desses modos de funcionamento ocorrerem esporádicamente, isto é sem ser sob a Vontade do individuo, significa que o homem os pode estudar, treinar e desenvolver.

Como explicamos a intuição? Esse modo não linear de funcionamento da mente que nos dá informação sobre eventos no tempo e no espaço com os quais não temos possibilidade de estabelecer uma relação de causa e efeito.

Como explicamos a inspiração (outro nome para a intuição)? Que de uma penada nos dá a solução de um problema com o qual a razão se debateu, impotente, até à exaustão?

Como dizia o meu Avô:
"A busca espiritual depois de expurgada de toda a tolice, é inevitavel. Não é mais que o desenvolvimento das faculdades superiores da mente; não é mais que o acompanhamento do processo de evolução.

Lembra-te que os antigos tudo aprenderam observando a Natureza. E verificaram que esta era mudança e transformação.

Por isso designavam o caminho de busca espiritual de caminho divino ou traçado por Deus; com isto queriam dizer que era dever do homem auxiliar Deus no seu trabalho, efectuando em si o trabalho da sua própria transformação.

E isto apelidaram de Grande Obra."


Se os meus apontamentos estão correctos relativamente às datas, passada uma semana disse-me:

"Repara que na nossa espécie são as mulheres que em idade adulta possuem essas capacidades mais latentes. Nesse sentido podemos dizer que elas estão mais perto de Deus.

Talvez seja interessante estudares as fábulas da Bela Adormecida, à luz do que temos falado. O que achas ?"



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