O Condomínio Democrático
Quem já assistiu a uma reunião de condominio rapidamente se apercebeu do vigor com que cada condómino defende o seu ponto de vista na gestão dos espaços e equipamentos comuns do edificio.
Se bem que se observe nalguns casos um exagero verbal, o que é certo é que o administrador tem que estar bem preparado para enfrentar um inquérito rigoroso sobre opções tomadas e despesas efectuadas com o dinheiro de todos.
O aprofundar da democracia passa, na minha opinião, por uma maior exigência dos cidadãos relativa aos gestores da sociedade que é Portugal.
Essa exigência só se consegue gerar com um aumento da consciência que todos nós somos accionistas desta sociedade e que como tal temos um papel fundamental na fiscalização da forma como é gerida.
Torna-se claro que esta exigência se constroi com um forte investimento na formação de base dos cidadãos, mas assenta sobretudo na modificação do mais dificil: aquilo que vulgarmente se chama “o coração dos homens”.
Este “coração” representa, neste contexto, a atitude automática que se tem perante a autoridade.
Um povo é tão mais submisso quanto mais encara os mecanismos de regulação social (a autoridade) como algo superior e transcendente a si mesmo. Essa submissão é a nevoa que o impede de encarar essa autoridade e de lhe exigir prestação de contas.
No fundo trata-se da figura do pai projectada nas instituições.
Se como adultos “matámos o pai” e afirmámos a nossa individualidade, não podemos deixar a tarefa limitada ao pai biológico.
Esta “morte” tem que se estender a todas pessoas/instituições em que projectamos a figura do pai para que possamos lidar como elas como individuos independentes que somos.
Não com desrespeito ou infantilidade mas como um adulto responsavel e lúcido.
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