Friday, April 08, 2005

Crónica de uma morte anunciada

A morte do Papa é a história da morte de um homem.

No entanto quem a conta sente que a humanidade desse facto não é suficiente.

Aliás a simplicidade desse facto assusta-os, perturba-os e leva-os a remodelar a realidade à medida dos seus desejos.

Então partem para a mitificação, o que nestas circunstâncias se torna mistificação. E mistificação não é mais que um termo refinado para mentira.

Declarado em estado muito critico desde dia 1 de Abril, a situação é anunciada como irreversivel.

Mas os relatos surgidos parecem contradizer aquilo que a razão e o bom senso recomendam.

O homem que foi incapaz de proferir palavras enquanto vivo nos dias anteriores, às portas da morte e com septicémia é capaz de:
  • Responder a perguntas.
  • Enviar uma mensagem aos jovens.
  • Despedir-se do mundo com um Amen e um gesto nos derradeiros segundos de vida.
Esta fábula é transmitida como factual.

Apenas um médico especialista quando entrevistado explica que isso é altamente improvável dado que uma infecção generalizada afectando a corrente sanguínea afecta inevitavelmente o estado de consciência do paciente: por outras palavras o paciente perde a consciência.

Há uma forma de estar com o Papa na sua morte.

Basta acompanhar um doente terminal nas mesmas condições.
E reconhecer a identidade de ambos na fragilidade da sua humanidade comum.

É certo que aí as fantasias perdem o seu sentido, e soam à mais baixa falta de respeito.

Mas aqueles que pretendem convencer multidões que o Grande Equalizador (a Morte) é diferente para os seus, insultam a Natureza e a sua própria consciência.

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