Ensino da Crença I

De acordo com a noticia publicada no caderno do Expresso, e que tive a oportunidade de confirmar em sites espanhois, o Ministério da Educação Espanhol prepara-se para tornar obrigatória a frequência da disciplina de Religião e Moral Católicas ou em alternativa a de História das Religiões.

Note-se que em ambos os casos a escolha dos professores é efectuada pela Igreja Católica, o que significa que não é dada qualquer alternativa real aos pais.

O problema que se coloca é: É importante para um individuo um conhecimento das diferentes religiões, ou do fenómeno religioso?

Na minha opinião é.

Na mesma medida em que é importante para qualquer individuo bem formado estudar todo e qualquer aspecto da nossa existência.

O que me repugna é o caracter confessional e doutrinário da disciplina em si, que presume que determinadas ideias são factos adquiridos como por exemplo a existência de Deus, esse velho de barbas que está sentado numa nuvem: ou seja uma reedição da imagem tradicional de Zeus (ou não me digam que ainda não tinham notado isso ?).

Mais correcto seria criar uma disciplina paralela de Homem & Cultura com professores seleccionados pelo Estado com base em critérios de competência cientifica, tal como é feito para Português, Física ou Matemática.

Os professores viriam de áreas como Etnologia, História, Antropologia, Sociologia, Filosofia e abordariam o fenómeno religioso de forma global: Cristianismo, Budismo, Judaismo, Islamismo, Taoismo, Shamanismo, Animismo, etc. fariam parte dos temas a abordar e seriam convidados crentes ou sacerdotes de cada religião que exporiam em aulas especiais o sistema de crenças da sua própria religião.

O tom seria o de tolerância e compreensão da diversidade do homem.

E para que essa tolerância fosse bem cimentada, teria que ser explicado sem pudor e sem censura todos os crimes contra a humanidade que cada uma das respectivas crenças cometeu em nome do seu próprio Deus, enquadradas nas circunstâncias históricas especificas em que isso aconteceu.

Da mesma forma seriam abordadas todas as vertentes em que cada religião contribui para o desenvolvimento da sociedade e cultur em que está inserida.

O objectivo seria sempre o de informar, o método o do equilibrio na abordagem.

Assim teriamos uma formação útil e que neste momento falta.