Thursday, July 17, 2003

O Vendedor de Jornais


Este é um caso prático que ilustra o que foi dito no blog anterior.

A um grupo de práticas xamânicas pertencia um director de uma empresa multinacional. Tratava-se de uma pessoa de meia-idade muito respeitada na organização onde trabalhava e onde tinha cultivado um perfil de lider.

A essa pessoa o xaman atribuiu a tarefa de vender jornais na praça. Ao fim do dia esse director mudava de roupa, vestia roupa de pedinte, sujava-se, ia comprar um maço de jornais e vendia-os numa esquina gritando e assemelhando-se em tudo a um "homeless" vendedor de jornais. Aquilo que lhe foi pedido foi que se vestisse como um vendedor mas que não se escondesse (tapando a cara, colocando gorro) e que não fingisse que era um vendedor mas que se sentisse como um vendedor.

Inicialmente custou-lhe muito esta troca de personalidades, mas com o tempo essas poucas horas do dia tornaram-se para ele o seu "momento mágico".

Até que um dia, sem notar, aproximou-se dele para comprar um jornal o seu assistente directo na empresa onde trabalhava. Ficou petrificado quando o assistente o olhou nos olhos, o sangue gelou-se-lhe nas veias e uma torrente de pensamentos invadiu-o. No entanto conseguiu manter o sangue frio e imediatamente continuou a gritar e anunciar os jornais.

O assistente pediu-lhe um jornal, pagou-lhe e não mostrou em tempo algum qualquer surpresa, ou seja foi exactamente como se não o tivesse visto.

Isto foi um choque grande para o director e uma grande lição. Ele percebeu que o cérebro filtra as impressões externas que recebe de acordo com as regras que tem incorporadas.

Para o assistente aquele jamais poderia ser o seu director, pois essa impressão era rejeitada pela regra de que não fazia sentido que o seu director estivesse naquele lugar vestido daquela forma a vender jornais.



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